Pesquisadora Senior do Instituto Brasileiro de Informação e Ciência e Tecnologia (IBICT). Professora do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação do IBICT e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Coordenadora do Laboratório Interdisciplinar sobre Informação e Conhecimento (Liinc). Coordenadora do Programa de Pesquisa em Ciência Aberta e Inovação Cidadã.
Tecnologista do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Doutor em Ciência da Informação (IBICT-UFRJ), mestre em Sistemas de Informação (Unirio). Atuou junto à Comissão Nacional de Cartografia do Brasil (CONCAR) como coordenador do comitê para definição do plano de ação para implantação da Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais - INDE, bem como atuou em outros projetos para a construção de Infraestruturas de Dados Espaciais (IDE) em diversos órgãos públicos e privados. Dentre as áreas de atuação e pesquisa destacam-se: visualização de dados por meio de mapas, IDE, integração e padronização para interoperabilidade de dados, ciência cidadã.
Pesquisador de pos-doutorado na Universidad de Los Lagos, com linha de investigacao em nos temas de adaptacao as mudancas climáticas, Sistema de Informacao Geográfica (SIG), metodologias participativas, ciência cidadã.
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O trabalho discute as possibilidades e limites das novas infraestruturas de geovisualização de dados e informações para o compartilhamento e a coprodução de conhecimentos, bem como para instrumentalizar a intervenção social sobre o ordenamento e o desenvolvimento territorial. Faz uma resenha crítica das principais definições, conceitos-chave e questões em debate sobre o tema, apresentando em seguida reflexões derivadas dos resultados do desenvolvimento de um protótipo de plataforma de dados abertos geoespaciais, como parte de uma pesquisa-ação de ciência aberta realizada no município de Ubatuba, no litoral norte do Estado de São Paulo, Brasil.
A critical and systematic review on information geovisualization via a Brazilian prototype platform.
A intensificação da geração de dados, em grandes volumes e em diferentes
áreas, no que já se caracterizou como um processo de
Este trabalho aborda especificamente a geovisualização de dados e informações, na forma dos mapas, discutindo suas possibilidades e limites para promover a coprodução de conhecimentos entre distintos atores, bem como para instrumentalizar a intervenção social sobre o ordenamento e o desenvolvimento territorial.
Numa primeira parte, sistematiza-se um conjunto de conceitos-chave, enfoques e questões que norteiam o debate sobre o tema, a partir de uma perspectiva crítica. Argumenta-se que as estratégias de geovisualização e correspondentes transformações nas tecnologias que as suportam não podem ser pensadas como meras ferramentas técnicas. Elas são permeadas por disputas de poder entre atores com diferentes visões, bases de conhecimento e perspectivas epistêmicas, constituindo-se então mais propriamente como infraestruturas sociotécnicas.
Em seguida, discute-se o papel das metodologias participativas de
cartografia social nesse cenário, apresentando uma síntese de reflexões
derivadas da experimentação com o desenvolvimento de um protótipo de
plataforma de dados abertos geoespaciais, como parte de uma
pesquisa-ação de ciência aberta realizada no município de Ubatuba, no
litoral norte do Estado de São Paulo, sudeste do Brasil
Visualização de dados e informações constitui um elemento auxiliar de
apresentação e comunicação de conjuntos de dados, transformando, por
exemplo, uma representação textual ou tabular de códigos alfanuméricos
em uma representação visual (gráficos, mapas, infográficos etc). Pode
ser então definida como o remapeamento de outros
códigos em um código visual
A visualização possibilita ampliar as condições para uma melhor
compreensão de grandes quantidades de dados heterogêneos, além de
facilitar seu compartilhamento e utilização, contribuindo para revelar a
informação que, de outro modo, ficaria escondida
(ou, diríamos, invisível)
A delimitação entre visualização de dados e visualização de informações
não é rígida, ela varia de acordo com o contexto e o tipo de
interpretação só realiza um valor semântico através de
processos seletivos e interpretativos
a palavra informação vem do latim
informare: dar forma, pôr em forma ou aparência, criar mas,
também, representar, apresentar, criar uma ideia ou noção – algo
que é colocado em forma, em ordem.
A visualização é influenciada tanto pela perspectiva do autor (que a
produz) quanto a do usuário ou leitor (que a utiliza), bem como por suas
respectivas competências para, de um lado, produzir a visualização e, de
outro, interpretá-la. Nesse sentido, ela não é neutra; ao contrário,
as estratégias de visualização ou os regimes de
visualidade nos impõem um olhar, portanto, um olhar culturalmente
construído, uma linguagem e um modo de conhecer que determinam nosso
modo de ser e de viver nosso cotidiano
O mapa é uma modalidade de informação geoespacialos termos geoinformação,
informação geográfica, informação georreferenciada e informação
geoespacial são, em geral, empregados como diferentes
significantes, que, no entanto, referenciam-se a um mesmo
significado, ainda que certas correntes de pensamento sobre o
assunto considerem que o termo informação geoespacial aluda a um
conceito mais abrangente, quase genérico, de informação
geo-referenciada
da coleta inicial de dados a escolhas sobre
como os dados são categorizados e apresentados, continuando até o
uso e a disseminação final do mapa
Sua função não se reduz a definir uma posição no espaço por meio de
coordenadas geográficas (dados georreferenciados). Os mapas possibilitam
uma forma própria de apreensão da realidade,
aquela das linguagens destinadas à vista, ao olhar,
um modo
de apreensão de um mundo que é complexo demais para
os nossos olhos,
mas sobretudo um mundo
que só está disponível no mapa
Partindo da perspectiva dos estudos sociais da ciência, Bruno Latour móveis imutáveis
(
Latour ressalta que diferentes formas de visualização (ou de inscrição)
combinam-se, reforçam-se e, assim, transformam-se, na forma de longas
cascatas
permitindo sobrepor muitas imagens de diferentes origens e
escalas
tendência
na direção de inscrições cada vez mais simples que mobilizam números
cada vez maiores de eventos em um único ponto...
o globo, por definição, não é global, mas é, quase
literalmente, um modelo de escala. [...] Não temos, de um lado,
cientistas beneficiando-se de uma visão globalmente completa do
globo e, de outro, os pobres cidadãos comuns com uma visão
´local limitada´. Existem apenas visões locais. No entanto,
alguns de nós olham por modelos de escala conectados baseados em
dados que vêm sendo reformatados por programas mais e mais
poderosos executados por instituições mais e mais
respeitadas.
Para Latour, então, a questão principal nas relações entre visualização e
cognição não se limita a suas implicações sobre as formas de percepção
humana, mas reside no que provocam de inscrições possibilitam
recrutamento!
recrutamento
de diversos aliados,
desde os pares da comunidade científica até os órgãos de política e
fomento à pesquisa requer um enorme esforço de mensuração, cálculo
e definição
Desse modo, mapas constituem uma representação que não apenas dissemina e
compartilha informações, mas também contribui para a afirmação e
certificação de um determinado tipo e concepção de conhecimento, que,
por sua vez, instrumentaliza uma forma de intervenção sobre o
território. Nessa mesma linha, argumenta-se que os mapas são fortemente
seletivos no que pretendem mostrar: eles nunca
simplesmente transmitem informação de um modo direto e não mediado,
mas ao contrário eles são investidos da habilidade de incorporar
algumas informações, ao mesmo tempo em que omitindo outras
enquadramentos observacionais que não podem
ser divorciados das suas posições desiguais no âmbito dos próprios
terrenos que eles buscam retratar
Ressalta-se por outro lado que, ao mesmo tempo em que fixa o espaço dos lugares, localiza, distribui,
orienta,
o mapa reserva [aos viajantes]
o caminho, o percurso em que aprenderão com os acontecimentos a
leitura de si mesmos, do outro e do seu espaço
A leitura de mapas segue um
movimento que produz experiências, práticas, sentidos além daqueles
já constituídos. Também aciona afetos e percepções, diferenças, que
atravessam o espaço habitado
Embora, em suas formas mais rudimentares de representação pictográfica,
tenha precedido historicamente a linguagem oral e os sistemas numéricos,
os mapas tiveram seu uso amplamente difundido apenas a partir do
Renascimento europeu. Com a complexificação do espaço geográfico e a
expansão urbano-industrial, desde o século XIX, ampliou-se a necessidade
de descrição e representação mais detalhadas e precisas com vistas à
melhor compreensão e ordenamento do território. A
A percepção do mapa como representação do espaço e, logo, como forma de
estocagem de dados geográficos sobre o território, alargou-se então para
seu papel como instrumento de apresentação e de comunicação de todo e
qualquer tipo de dado e informação. As tecnologias de cartografia
digital ampliaram também os usos dos mapas como dispositivos que
permitem não apenas a representação, mas também a construção de novos
conjuntos de dados, informações e conhecimentos
A produção em larga escala de dados (datificação) foi fortemente
impulsionada pela difusão e os novos usos das tecnologias de
digitalização desmaterialização
das formas de visualização
dos dados geoespaciais, ao se valerem amplamente dos ambientes virtuais
rematerializou toda a cadeia de produção – uma
cadeia que requer pessoas, habilidades, energia, software e
instituições, todas contribuindo para a constante mudança na
qualidade dos dados
Requerem-se então novas infraestruturas materiais e cognitivas, que deem
suporte a do trabalho de campo até o designer gráfico e a gestão de
bases de dados, em um processo de retroalimentação e atualização
contínuo. O conceito de infraestrutura não deve ser naturalizado, ou
seja, ser pensado como objeto transparente com características
predefinidas, meros substratos ou panos de fundo sobre as quais as ações
se realizam. Infraestrutura é um conceito
fundamentalmente relacional. Ela se
substrato se torna
substância
Daí o caráter ambíguo ou contraditório das novas plataformas tecnológicas
que impulsionam os processos de datificação e abrem novas possibilidades
de geovisualização e análise de dados e informações. Elas possibilitam
passar de formas de visualização bidimensionais, estáticas e
unidirecionais para formas tridimensionais (bem mais sofisticadas e
complexas do que os antigos globos terrestres), dinâmicas e interativas.
Na visualização bidimensional e unidirecional, o ponto de vista é fixo e
a informação é pronta,
não aberta, uma caixa preta sem
possibilidade de exploração, intervenção e contestação pelo usuário.
Na apresentação tridimensional, interativa e dinâmica, ao contrário, é
possível haver uma variação da perspectiva ou ponto de vista, uma
o observador possa agora
As novas tecnologias computacionais de produção de mapas digitais
interativos são vistas como formas de relativa democratização da
cartografia, ao possibilitarem a disponibilização e o acesso de dados
espaciais e softwares de visualização
A combinação dessas ferramentas com os movimentos recentes em favor dos
dados abertos
No primeiro caso, destacam-se os SIGs com funcionalidades e extensões para manipulação de dados vetoriais e matriciais, bem como para análises de dados espacialmente referenciados que apoiam o usuário especialista como: Quantum GIS (QGis) e o gvSig (de origem em comunidades/associações colaborativas como OSGEO e gvSIG); e iniciativas brasileiras, tais como o Spring, o TerraView e o TerraME (desenvolvidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - Inpe).
No segundo caso, estão os aplicativos e plataformas que possibilitam a colaboração entre usuários em diferentes locais, provendo informações geográficas que serão acrescentadas e consolidadas em um único ambiente, online, no qual estarão disponíveis por meio de visualizadores web (Web SIGs) e serviços. Entre as plataformas ditas de mapeamento colaborativo, destaca-se o Open Street Map por sua comunidade atuante e abrangência mundial. E, entre os Web SIGs citam-se o i3Geo (desenvolvido pelo Ministério do Meio Ambiente e posteriormente mantido pelo Ministério da Saúde), o GeoNode e o GeoNetwork. Estes, apesar de serem plataformas mais voltadas para o intercâmbio de dados e metadados, que estão hoje fortemente atreladas ao conceito de Infraestrutura de Dados Espaciais (IDE) (em inglês SDI, Spatial Data Infrastructure), vêm nos últimos anos buscando aumentar sua capacidade de fornecer ferramentas para a visualização dos dados.
Com relação aos SIGs, instalados localmente nos computadores dos usuários, destaca-se sua capacidade para a realização de operações mais complexas e análises profundas dos conjuntos de dados, tendo em vista não estarem sujeitos a limitações de rede e nem de processamento nos servidores. Já nos Web SIGs, disponíveis por meio de servidores Webs, as funcionalidades disponíveis tendem a ser limitadas a um conjunto adequado às características de um sistema em rede, sujeito a questões de tráfego de dados e processamento concorrente. Contudo, na medida em que a tecnologia evolui, as diferenças entre os ambientes Desktop (local, dedicado) e Web (na rede, compartilhado), suas limitações e potencialidades tendem a diminuir, assim como as diferenças entre as funcionalidades encontradas nos SIGs Web e nos disponíveis em Desktop.
O Quadro 1, a seguir, apresenta uma descrição sintética dessas
plataformas e ferramentas, bem como os links para
Todas essas plataformas têm um objetivo comum, com algumas variações:
possibilitar o acesso amplo de indivíduos e comunidades, utilizando-se
de funções de processamento de imagens, análise espacial, consulta a
bancos de dados espaciais para captação de dados e informações sobre o
território e interfaces com aplicativos de coleta de coordenadas e
aparelhos de Sistema de Posicionamento Global (O termo Infraestrutura de Dados
Espaciais é usado frequentemente para denotar um conjunto básico
de tecnologias, políticas e arranjos institucionais que
facilitam a disponibilidade e o acesso a dados espaciais
Ressalta-se, por outro lado, que a disponibilização de dados em acesso e
formatos abertos não garante, por si só, sua democratização ou
apropriação social, sendo crucial sua usabilidade, requerendo também o
desenvolvimento de competências dos que os utilizam. Muita ênfase tem sido dada ao provedor do dado e
apenas uma limitada atenção ao usuário. [...] O principal desafio é
que o dado aberto não tem valor em si; ele só se torna valioso
quando utilizado
Evidencia-se, ademais, que os novos sistemas tridimensionais e dinâmicos
de geoprocessamento e geovisualização de dados e informações podem
também contribuir, no sentido inverso, para reforçar o predomínio
unilateral da perspectiva do autor do dado e da informação, bem como de
visões e discursos que expressam interesses particulares e dominantes
sobre o espaço e o território. Ao facilitarem e enfatizarem análises
estatísticas e quantitativas sobre o território, atribuindo-lhes valor
como modo de representação objetiva da materialidade do espaço o conhecimento geográfico virtualizado sobre o
território, nestes sistemas de informações geográficos
potencializados, adquire tamanha autoridade, que sua
apresentação acaba por se afirmar como a
Existe então a preocupação de que os novos recursos computacionais de
levantamento e visualização de dados territoriais reforce em demasia o
papel dos especialistas nessas ferramentas na determinação da nossa imagem do mundo,
diminuindo a
importância do trabalho de campo apesar da
proliferação de drones e satélites, [...] a coleção de dados no
terreno é ainda centrais para a cartografia digital
Abordagens e metodologias de cartografia social têm procurado fazer um
contraponto à utilização dos mapas como instrumentos de afirmação de
poder de grupos sociais hegemônicos. A cartografia social consiste em
realizar o mapeamento segundo o olhar do participante ou grupo social
sobre seu próprio mundo, seu entorno e contextos sociais
correspondentes. Seu propósito, em um primeiro momento, é representar o
cotidiano de uma comunidade de acordo com sua própria visão,
incorporando, em um segundo momento, conceitos e técnicas do mapeamento
cartográfico, tais como papel e abrangência da escala, localização
espacial detalhada e legenda do que está sendo representado/mapeado
No Brasil, o uso de cartografia social tem sido feito com maior
frequência na Amazônia
O projeto de pesquisa-ação Ciência Aberta Ubatuba desenvolveu um
protótipo para testar a produção participativa de uma plataforma de
geovisualização de dados abertos naquele território, como parte da
investigação sobre o papel da ciência aberta e cidadã
Então batizado de LindaGeo - Litoral Norte Dados Abertos Geoespaciais
instrumento político e técnico do planejamento, cuja finalidade
última é otimizar o uso do espaço e as políticas
públicas
Ao longo da revisão do ZEE-LN, um processo de consultas foi conduzido,
por um Grupo de Trabalho constituído pelo Conselho Municipal de Meio
Ambiente, com o intuito de obter subsídios para sua elaboração, bem como
para esclarecer as comunidades locais, principalmente aquelas mais
afetadas e com pouca informação sobre o processo. Foram realizadas
reuniões e audiências públicas, em âmbitos regional e local em distintos
bairros, revelando a existência de grupos locais bastante mobilizados
para reivindicar seus direitos no uso do território.
As audiências públicas evidenciaram, por um lado, a existência de
divergências e conflitos entre interesses e visões de diferentes atores
— tais como representantes dos governos municipal e estadual,
procuradores dos Ministérios Públicos Federal e Estadual, representações
empresariais, comunidades tradicionais, organizações ambientalistas,
entre outros — sobre os vários tipos de usos do território, seus
recursos naturais e suas culturas locais. Por outro lado, ficou também
evidente a falta de informação qualificada dos grupos locais a respeito
dos encaminhamentos da revisão do ZEE, do significado de cada zona
delimitada (terrestre, marinha e faixas entre marés), bem como dos usos
que são ou não permitidos
Ao longo do processo, expressou-se um desconforto constante por parte das
comunidades locais, especialmente as populações tradicionais (indígenas,
quilombolas e caiçaras), por considerarem que o modo como as consultas
foram conduzidas não foi suficientemente participativo e informativo,
privilegiando e legitimando pontos de vistas baseados no que eram
considerados critérios técnicos
fundamentados.
Houve também questionamentos, nas comunidades
locais, sobre a própria veracidade das informações expressas nos mapas
oficiais então apresentados para revisão do ZEE A gente tem que sentar junto
para fazer o mapa e ser reconhecido no mapa, e não deixar
somente o Estado fazer...
(liderança do Fórum de
Comunidades Tradicionais - FCT)
Assim, no desenvolvimento do LindaGeo, procurou-se mobilizar, envolver e
trocar experiências, demandas e expectativas entre diferentes grupos
locais, tais como o Comitê de Bacias Hidrográficas do Litoral Norte, a
Área de Proteção Ambiental Marinha (APAMLN), escolas públicas,
pesquisadores de Universidades, além de membros do Fórum de Comunidades
Tradicionais (FCT) e do Observatório de Territórios Sustentáveis e
Saudáveis da Bocaina (OTSS).
Foram realizados testes e oficinas com uma plataforma online, criada com
uso de softwares livres – o Geonode, o Geoserver e o Geonetwork - para
produzir colaborativamente e compartilhar dados geoespaciais
Verificou-se que os softwares selecionados atendiam ao propósito de
propiciar, para aqueles agentes locais, visibilidade, conhecimento e
utilidade aos dados e informações disponíveis. Contudo, para que o uso
desses softwares fosse efetivo, considerando a diversidade de
participantes e as diferentes demandas das comunidades envolvidas, foi
necessário pensar na estrutura de um trabalho que envolvesse capacitação
e tutoria de modo a possibilitar a realização dos múltiplos usos dessas
plataformas pelos grupos locais. Outras plataformas de visualização
disponíveis foram também experimentadas em conjunto com o Geonode, como
a plataforma Quantum GIS, além de plataformas proprietárias, como o
Google Earth
Foi possível também verificar funcionalidades e limites dos softwares adotados e a necessidade de construir alguns protocolos coletivamente. A experiência mostrou que, com as ferramentas e recursos então disponíveis, mesmo tentando torná-las mais lúdicas e amigáveis, houve dificuldade na realização de um processo de construção conjunta e de representação, pelos participantes, da sua própria realidade.
Ainda em fase de experimentação, uma estratégia que o grupo tem buscado é desenhar outro protótipo envolvendo escolas públicas e/ou universidades na co-construção de um Laboratório de Geotecnologias, o LabUbaGeo, com alunos de ensino médio e pós-médio, de maneira que o projeto seja parte de um programa pedagógico contínuo na região (Figura 2).
Por fim, cabe ressaltar que a própria discussão sobre os mapas, envolvendo diferentes grupos e comunidades locais e interessados, constitui um resultado em si do projeto, incentivando pensar coletivamente sobre o território, a partir dos dados existentes, e suscitando uma visão crítica sobre o que está ali representado e sobre as próprias ferramentas de geovisualização. O desenvolvimento de uma perspectiva crítica, nos grupos locais, sobre os processos de elaboração e usos que são feitos dos mapas foi sem dúvida um importante ponto positivo da experiência. Afinal, como capacitar os diversos grupos locais a fazer uso dos diferentes conjuntos de dados disponíveis permanece sendo uma questão chave a ser enfrentada.
Dentre os vários desafios identificados para a implementação da Plataforma, destacam-se, do ponto de vista do enfoque deste trabalho: a importância de estabelecer um sistema de governança entre os grupos e instituições, de acordo com seus diferentes níveis e tipos de participação; a necessidade de se estruturar uma equipe multidisciplinar, que envolva desde tecnologista da informação a cientistas e investigadores na área de sociologia, geografia, sensoriamento remoto e cartografia; a definição de um protocolo de uso de dados, de acordo com a especificidade de cada instituição envolvida; a realização de atividades e a capacitação em metodologias de cartografia social.
Ao pretenderem produzir fatos científicos objetivos sobre o território,
como forma de inscrição que procura tomar como verdade informações e
dados ali representados, os mapas atuam diretamente no próprio modo como
como uma prática tanto política quanto
científica
Abordagens e metodologias participativas procuram valorizar e praticar
modos mais plurais de representar o território, de maneira a integrar
mapeamento, (auto)organização e conhecimento das populações locais
Estratégias de cartografia social, associadas a abordagens de ciência aberta e cidadã, têm potencialmente uma contribuição significativa nessa direção. Para além da problemática do acesso, trata-se de colocar em questão quem, como e que tipo de conhecimento se produz — e frequentemente se impõe sobre o território.
No desenvolvimento do protótipo da Plataforma LindaGeo, ficou evidente
como a desigualdade no acesso à informação e tecnologias associadas
reflete-se em desiguais condições de participação e intervenção nos
processos decisórios, conforme apontado em outros estudos
Observou-se, por outro lado, em pouco tempo de experimentação, que há,
naquela região, grande potencial para dar sequência à iniciativa,
articulando ações colaborativas de geovisualização com esforços de
compartilhamento e abertura de dados sobre o território. As sinergias
decorrentes desse trabalho resultaram no desenvolvimento de uma
experiência de interesse comum, com a ampliação do grupo de trabalho, a
identificação de novos parceiros
Logo, tão importante quanto a criação, naquela região, de uma plataforma de dados espaciais abertos, o LindaGeo deve se constituir como uma infraestrutura para um processo contínuo de interlocução e reflexão socialmente engajada sobre as relações entre poder, conhecimento e gestão participativa do território.
O desenvolvimento da pesquisa que resultou neste trabalho contou com o apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Fundação Carlos Chagas de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj, Projeto E-26/ 202.413/2017) e do Open and Collaborative Science in Development (OCSDNet), com recursos do International Development Research Center (IDRC).
The paper discusses the possibilities and limits of new infrastructures of data and information geovisualization for sharing and coproduction of knowledge, as well as to instrumentalize social intervention on territorial management and development. It presents a critical review of the literature, systematizing the key definitions, concepts, and issues under discussion on the subject. Then it presents reflections derived from the development of a prototype of a geospatial open data platform as part of an open science action-research in the municipality of Ubatuba, on the North coast of the State of São Paulo, Brazil.
A critical and systematic review on information geovisualization via a Brazilian prototype platform.
The intensification of data production in large volume and in different
areas, which has been characterized as a process of “datification”
This paper addresses a specific topic in this field, that is, data and information geovisualization as maps, discussing their possibilities and limitations in promoting the co-production of knowledge among different actors as well as in providing tools for social intervention in territorial ordering and development.
In the first part, we systematize, from a critical perspective, a set of key concepts, approaches and issues that guide the debate on the topic. We argue that strategies of visualization and the corresponding transformations in the technologies supporting them cannot be conceived as mere technical tools. They are permeated by power struggles between actors with different visions, knowledge bases and epistemic perspectives, constituting thus, more properly, sociotechnical infrastructures.
Subsequently, we discuss the role of participatory methodologies of
social cartography within this setting, presenting a synthesis of the
reflections derived from the experimentation with the development of a
prototype of a geospatial open data platform as part of an open science
action-research project carried out in the municipality of Ubatuba, on
the Northern coast of the state of São Paulo, in Southeastern Brazil
Data and information visualization constitutes an auxiliary element for
the presentation and communication of a set of data turning, for
example, a textual or tabular representation of alphanumeric codes into
a visual representation (graphs, maps, infographs, etc.). It can thus be
defined as the remapping of other codes into a
visual code
Visualization enables the broadening of conditions for a better
understanding of large amounts of heterogeneous data, besides
facilitating sharing and using them, contributing towards exposing the
information that would otherwise be hidden (or we
could say invisible) in data
The delimitation between data visualization and information visualization
is not rigid: it varies according to the context and the type of
interpretation the mediating element
between data (the basic
element) and knowledge relational character
that only
achieves a semantic value through selective and interpretative
processes
the word information comes from
the Latin word informare: to form, to shape or to create, but
also to represent, to present, to create an idea or notion –
something that is ordered.
Visualization is influenced both by the perspective of the author (who
produces it), as by the user or reader (who uses it), as well as by
their respective competencies to carry out the visualization and to
interpret it. In this sense, it is not neutral; instead, strategies of visualization or visuality regimes
impose a certain outlook; thus, a culturally constructed outlook, a
language and a way of knowing that determine our way of being and of
living our daily life
Maps are a mode of geoespatial information,the terms geoinformation,
geographical information, georeferenced information and
geospatial information are generally employed as different
signifiers which, nevertheless, refer to the same signified,
even though some currents of thought on the subject matter
consider that the term geospatial information refers to a
broader, almost generic concept of georeferenced
information
geo-graphic
visualization of data and information, providing
them with a spatial context and situating them within the territory. The
elaboration of maps involves extensive work processes that encompass
from the initial collecting of data, to choices
of how data are categorized and displayed, and on through the map´s
ultimate dissemination and use
Their function cannot be reduced to defining a place in space through
geographic coordinates (georeferenced data). Maps allow for a specific way of seizing reality, that of languages
aimed at the sight, at the point of view,
a way of
apprehending a world that is too complex for our
eyes,
but, above all, a world that is
only available in the map
Starting from the perspective of the social studies of science, Bruno
Latour inscription
that include
also pictures, numbers, letters, graphs, among others, all of them to a
certain extent consisting in means of visualization. They present to the
onlooker, in a synoptic manner, heterogeneous things that are either
absent or not perceptible, combining them among themselves in only one
place in hybrid forms. To the author, they are
Latour stresses that different forms of visualization (or of inscription)
combine with one another, re-enforce each other and thus turn themselves
into long cascades
, allowing for the overlapping of several images from different sources
and of a different scale
trend towards increasingly simpler inscriptions that mobilize
increasingly larger number of events within a single point
the globe is not, by definition, global, but is,
almost literally, a model of scale [...] we don't have on one
side the scientists benefitting from a globally complete view of
the globe and, on the other, the poor ordinary citizen with a
limited local
view. There are only local views.
However, some of us look at connected scale models based on data
that has been reformatted by more and more powerful programs run
through more and more respected institutions.
Therefore, to Latour, the relationship between visualization and
cognition is not limited to its implications to human perception, but
lies in its ability to inscriptions make recruitment possible!
recruitment
of different allies,
from peers in the scientific community to organizations for policies
and incentive of research requires a huge effort of measurement,
calculation, and definition
Thus, maps constitute a representation that not only disseminates and
shares information, but also contributes to the affirmation and
certification of a certain type and conception of knowledge, which, in
turn, instrumentalizes a way of territorial intervention. Along these
lines, it is argued that maps are highly selective in what they intend
to show: maps never simply convey information in a
direct and unmediated manner, but instead they are invested with the
ability to incorporate some forms of information while omitting
others
a variety of observational frames that
cannot be divorced from their unequal positions within the very
terrains that they seek to portray
On the other hand, we would stress that while it
fixates the space of places, it locates, it distributes, it
guides
, the map preserves [for
travelers] the way, the route on which they will learn with events
the reading of themselves, of others and of their own space
The reading of maps follows a
movement that produces experiences, practices, meanings besides
those already constituted. They also trigger affects and
perceptions, differences that traverse the inhabited space
Despite the fact that, in its more rudimentary forms of pictographic
representation, maps historically preceded oral language and numerical
systems, they only became widely available after the European
Renaissance. From the 19th century on, with the complexification of
geographical space and urban-industrial expansion, the need expanded for
more detailed and precise description and representation with a view to
better understanding and ordering of territory.
The perception of maps as space representation tools and, therefore, as
ways of storing geographic data about the territory was then extended to
their role as instruments for the presentation and communication of any
type of data and information. Digital mapping technologies have also
expanded the uses of maps as devices that allow not only representation,
but also the construction of new sets of data, information and knowledge
Large scale production of data (datification) was pushed forward by the
diffusion of the use of digital technologies de-materialization
of means of visualizing spatial data
through the extended use of virtual environments has
rematerialized the whole
chain of production
— a chain that requires people,
skills, energy, software, and institutions
that all
contribute to the constantly changing quality of the
data
Thus, new material and cognitive infrastructures are required to provide
support for, from field work to the graphic designer as well as to the
management of databases, in a continuous process of feedback and
updating. The concept of infrastructure must not be naturalized, that
is, be conceived as a transparent object with pre-defined
characteristics, mere substrate or backdrop against which actions are
carried out. Infrastructure is a fundamentally
relational concept. It
substrate
becomes substance
From this derives the ambiguous or contradictory character of new
technological platforms that push forward datification processes and
open up new possibilities of data and information geovisualization and
analysis. They enable the move from bi-dimensional, static and
unidirectional visualization to tri-dimensional, dynamic and interactive
shapes (considerably more sophisticated and complex than former
terrestrial globes). In bi-dimensional and unidirectional visualization,
point of view is fixed and information is ready
, closed, a black
box impossible to be explored, intervened with and contested by the
user.
On the other hand, in the tridimensional, interactive and dynamic
presentation it is possible to have a variation of perspective or of
point of view, a decentering
in relation to
the object, allowing also the observer to walk
through the representation of the geographic space in a way similar
to the flexibility he/she enjoys to walk about the geographical
space of the external world
New computational technologies for producing interactive digital maps are seen as a means towards a relative democratization of cartography as they enable the availability and the access to spatial data and to software of online visualization, and as they blur the borders between the roles of producers and readers/users of these data and information, mobilizing their experience and their specific knowledge. They facilitate the collaborative production of data and information, as well as the incorporation of different perspectives and points of view, which potentially makes these systems stronger and more democratic – scientifically and politically.
The combination of these tools with recent movements in favor of open
data
In the first case, GIS with functionalities and extensions for manipulating vector and matrix data as well as for spatially referenced data analysis that support the expert user stand out. Some examples are: Quantum GIS (QGis) and gvSig (originated in communities and collaborative associations such as OSGEO and gvSIG); and Brazilian initiatives, such as Spring, TerraView and TerraME (developed by the National Institute for Space Research - INPE).
In the second case, there are applications and platforms that enable collaboration between users in different locations, providing geographical information that will be added and consolidated in a single online environment, where they will be available through web viewers (Web GIS) and services. Among the platforms known as collaborative mapping, the Open Street Map stands out for its active community and worldwide reach. Among the Web GIS, i3Geo (developed by the Brazilian Ministry of the Environment and later maintained by the Ministry of Health), GeoNode and GeoNetwork stand out. The latter two, despite being platforms more focused on data and metadata exchange, which are today strongly linked to the concept of SDI (Spatial Data Infrastructure), have in recent years sought to increase their ability to provide tools for data visualization.
With regard to GIS installed locally on users' computers, its ability to perform more complex operations and in-depth analysis of data sets stands out, since it is not subject to network or server processing limitations. In the case of Web GIS, which is available through Web servers, the existing functionalities tend to be limited to the characteristics of a networked system, subject to data traffic issues and concurrent processing. However, as the technology evolves, the differences between the Desktop (local, dedicated) and Web (on the network, shared) environments, their limitations and potential, tend to decrease, as well as the differences between the functionalities found in the Web GIS and those available on Desktop.
Table 1 below presents a synthetic description of these platforms and tools, as well as links to sites with more detailed information.
All these platforms have a common objective with a few variations: to
make possible ample access by individuals and communities through the
use of functions of image processing, spatial analysis, the consultation
of spatial databases to access data and information on the territory as
well as interfaces with applications for collecting coordinates and
Global Positioning System (GPS) devices. They also make possible the
adherence to principles of open data, encompassing analysis (spatial or
otherwise) and editing, to their dissemination through Spatial Data
Infrastructures - SDIThe term Spatial Data
Infrastructure is frequently used to denote a basic set of
technologies, policies and institutional arrangements that
facilitate the availability and access to spatial data
On the other hand, we would like to stress that the availability of data
in open access and format does not ensure by itself their
democratization or social appropriation; usability is also crucial,
requiring the development of the competencies of users: too much emphasis is given to the data supplier and
only limited attention for the user […] the main challenge is that
open data has no value in itself; it only becomes valuable when
used
Besides, it is evident that the new systems of tridimensional and dynamic
geoprocessing and geovisualization of data and information may also
contribute, in reverse, to strengthen the unilateral dominance of the
perspective of the author of the data and of the information, as well as
of visions and discourses expressing particular and dominant interests
over the space and territory. By facilitating and emphasizing
statistical and quantitative analyses on the territory, attributing
value to them as a means of objective representation of the materiality
of space virtualized
geographic knowledge of the territory in these potentialized
systems of geographical information acquires such great
authority that their presentation ends up by becoming the
evidence of reality, despite the fact that it is only a
hypothesis of knowledge, built within the scope of the modelling
of an information system
Thus, the concern arises that the new computational resources for
surveying and visualizing territorial data might excessively strengthen
the role of specialists of these tools in determining “our image of the
world”, decreasing the importance of field work despite the proliferation of drones and satellites,
[...] ground data collection is still central to digital
cartography
Social cartography approaches have attempted to establish a counterpoint
to the utilization of maps as instruments of power affirmation of
hegemonic social groups. Social cartography consists of carrying out the
process of mapping according to the point of view of the participant or
social group on their own world, their surroundings and corresponding
social contexts. At a first instance, its purpose is to represent the
daily life of a community according to its own vision, incorporating, in
a second instance, the concepts and techniques of cartographical
mapping, such as the role and scope of scale, detailed spatial location
and legend of what is being represented/ mapped
In Brazil, social cartography has been most frequently used in the Amazon
region
The action research project Ubatuba Open Science
Named LindaGeo - Northern Coast Geospatial Open Data (see Albagli et al. 2019), the
geovisualization prototype had, as a focus of experimentation, the
discussions started in 2014 around the revision of the
Economic-Ecological Zoning of the Northern Coas of São Paulo
(EEZ-NC),political and technical instrument for
planning whose ultimate goal is to optimize the use of space and
public policies
Along the revision of the EEZ-NC, a consultation process was conducted by
a Working Group constituted by the Municipal Council of the Environment,
with the purpose of obtaining subsidies for its revision as well as to
enlighten local communities, particularly the most affected ones and
with little information about the process. Meetings and public audiences
were held, both at the regional and local levels in different
neighborhoods, revealing the existence of local groups highly mobilized
to claim their rights of territorial use.
On the one hand, public audiences brought to light the existence of
divergences and conflicts of interest of and perspectives among the
different actors – such as representatives from both the municipal and
state governments, Federal and State attorneys, representatives from
businesses, traditional communities, environmental organizations, among
others – about the different uses of the territory, its natural
resources and its local cultures. On the other hand, it also became
evident that the local groups’ lack of qualified information concerning
the procedures related to the revision of the EEZ, the significance of
each delimited zone (terrestrial, marine and stretches between tides),
as well as of the allowed and forbidden uses
Along this process, local communities expressed a constant discomfort,
particularly the traditional populations (indigenous peoples,
quilombolas and caiçaras), because they felt that the way consultations
were conducted was not sufficiently participative and informative,
privileging and legitimizing points of view based on what was considered
“reasoned technical criteria”. Local communities also questioned the
truthfulness of the information expressed in official maps presented by
the EEZ revisions We have to sit down together in order to draw the
map and to be acknowledged by the map, and not only allow the
government to do it...
(leadership of the Traditional
Communities Forum - FCT)
Thus, when developing LindaGeo, different local groups were mobilized,
involved and exchanged experiences, such as, the Northern Coast
Hydrographic Basin Committee, the Protected Area of the Marine
Environment, local schools, University researchers, besides members of
the Traditional Communities Forum and of the Bocaina Observatory of
Healthy and Sustainable Territories (OTSS).
Tests and workshops were carried out on an online platform, developed
with free software – Geonode, Geoserver and Geonetwork – in order to
produce collaboratively and to share geospatial data
It was established that the selected software met the objective of
offering visibility, knowledge and use to available data and information
to those local agents. However, for the use of these software to be
effective, considering the diversity of participants and the different
demands of the communities involved, it was necessary to devise the
structure of a task that involved training and tutoring in order to make
possible the fulfilment of the multiple use of these platforms by local
groups. Other visualization platforms available were also tried out
together with Geonode, such as the Quantum GIS platform, besides
proprietary platforms such as Google Earth
It was also possible to establish the functionalities and limits of the adopted software as well as the need to collectively construct certain protocols. The experience showed that, with the tools and resources then available, even trying to make them more ludic and friendlier, it was difficult to carry out a process of joint construction and representation of their own reality by the participants.
Still under experimentation, a strategy the group has sought is to draw another prototype, involving schools and/ or universities in the co-construction of a Geotechnology Laboratory (LabUbaGeo), with High School and post-High school students, in such a way that the project become part of a continuous pedagogic program in the region.
Finally, it is worth pointing out that the very discussion about the maps involving different interested local groups and communities is, in itself, a result of the project, encouraging collective thinking about territory on the basis of existing data and encouraging a critical view of what is represented and of the geovisualization tools themselves. The development of a critical perspective about the processes of elaboration and uses of maps by local groups was undoubtedly an important positive outcome of the experience. After all, how to enable different local groups to make use of the different sets of data available remains a key issue to be solved.
From the perspective of this paper, among the various challenges identified towards the implementation of the platform, the following aspects stand out: the importance of setting up a governance system among groups and institutions, according to their different levels and types of participation; the need to structure a multidisciplinary team, involving from information technologists to researchers in the areas of sociology, geography, remote detection and cartography; the definition of a protocol for using data, according to the specificity of each one of the institutions involved; carrying out activities and training in methodologies of social cartography.
By intending to produce objective scientific facts about territory and as
a means of inscription that seeks to consider as truthful the
information and data they represent, maps act directly upon the modes of
as a
practice both political as scientific
AParticipative approaches and methodologies seek to confer value to and
to practice more varied ways of representing territory in order to
integrate mapping, (self-) organization and the knowledge of local
populations
Strategies of social cartography associated with approaches of open and citizen science can potentially offer a significant contribution towards this end. Beyond the problem of access, it is the case of bringing into question who, how and what type of knowledge is produced – and frequently imposed on territory.
Throughout the development of the prototype of the LindaGeo Platform, it
became evident how inequality in access to information and associated
technologies is reflected on unequal conditions of participation and
intervention in decision processes as indicated in other studies
On the other hand, within a short period of experimentation, it was
noticed that the region has great potential to follow up the initiative,
articulating collaborative actions of geovisualization with efforts of
sharing and opening data about the territory. The synergy due to this
work resulted in the development of an experience of common interest,
with the expansion of the working party, the identification of new
partners
Thus, as important as the creation in that region of an open data platform of spatial information, the LindaGeo must become an infrastructure for a socially engaged continuous process of dialogue and reflection about power relation, knowledge and participative management of territory.
The research project resulting in this paper was made possible by the financial support of the National Council for Scientific and Technological Development (CNPq), of the Carlos Chagas Foundation for the Support of Research in the Rio de Janeiro State (Faperj, Project E-26/ 202.413/2017) and of the Open and Collaborative Science in Development Network (OCSDNet), with resources from the International Development Research Center (IDRC), Canada.